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Emigação norte coreana no Japão

“Our Homeland” (“Kazoku no kuni”, 2012, JAP) de Yang Yong-hi 7/10

A cada ano os filmes sobre a Coreia do Norte se multiplicam. Alguns são críticas fortes, outros paródias que variam da ironia ao exagero. “Our Homeland” é um filme bem marcante dá um toque de humanismo a este panorama, se baseando em uma de várias histórias de norte coreanos que emigraram para o Japão e se sentindo deslocados, voltaram para o país de origem. Aqui Songho (Arata) retorna, assim como uma outra moça, para passar por um tratamento médico, após 25 anos de vida na Coreia do Norte.

Logo no início, cenas mostram o resultado de uma longa relação diplomática que durou 5 anos entre o Japão e a Coreia do Norte, intermediada pela China e por uma Associação de Norte Coreanos que vivem no Japão, presidida pelo pai de Songho. Apesar de parecer muito novo, o que atrapalha um pouco a credibilidade da história, Songho tem 41 anos (o ator tem 37), e mora no regime comunista desde que foi enviado com apenas 15 anos pelo pai entusiasta da doutrina de Kim Il Sung. No final dos anos 90, para tratar de um tumor no cérebro, é permitida uma viagem a Toquio.

Essa viagem é em todo momento acompanhada por um agente do governo, o Camarada Yang (Yang Ik-Joon). No país mais industrializado do oriente ele finalmente conhece sua irmã mais nova, Rie (Sakura Andô) e reencontra velhos amigos de colégio, incluindo uma paixão antiga. Mas nem tudo dá certo, pois ele se apresenta muito reservado e podendo apresentar segundas intenções.

Um dos grandes méritos do filme é justamente o fato dele ser muito ambíguo ao tratar como protagonista um cidadão da nação mais isolada do mundo. É fato que ninguém sofre “lavagem cerebral”, portanto fica a cada cena mais complicado saber o que ao certo Songho está sentindo: Saudade dos pais, da Coreia do Norte ou do Japão? Vontade de ficar ou repulsa pelo sistema mais “livre”? Desejo de escapar da Coreia do Norte ou a serviço de sua majestade?

A tensão que resulta do reencontro entre Songhoo e seus pais e amigos, além do encontro com sua irmã é bem palpável e consegue ser um tanto crível para personagens de um país do qual se conhecesse muito pouco, ou seja, uma atmosfera muito misteriosa em volta. A história, não a toa, é paralela com a da diretora que teve uma parte da família também enviada para a Coreia. Nunca se sabe em quem e como confiar, ou o que contar para quem.

Enquanto a história da família caminha por um viés um tanto dramático quase que tentando imitar um filme do Ozu, é mais interessante o retrato que o filme pinta de Yang, um homem que está ali para cumprir o seu dever, seja por medo ou por amor, mas acaba sendo mais atraído pelo modo de vida ocidental do que Songho. Seu processo de humanização é perfeito pelo retrato que o ator cria de um pequeno burocrata fazendo o seu melhor para cumprir o seu dever.

A resolução deixa mais perguntas do que respostas, mas se tratando da Coreia do Norte, é um ponto forte do roteiro. As reais motivações da viagem de Songho são postas em cheque, mas mesmo assim somos expostos a um personagem que certamente passou por modificações e experiências p

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