
Sou um grande fã de “Missing” e curto muito “Z” também mas não conheço tanto os outros filmes políticos de Costa-Gavras e foi um prazer assistir “A Confissão” (Faltam “Estado de Sítio”, “Crime no carro dormitório” e “Um homem aa mais”, dentre os clássicos). O interesse maior pelo lado político aqui foi exibir os mesmos métodos de tortura e opressão política mas do lado do regime comunista, num país do centro europeu. A referência aqui é ao caso que matou Rudolph Slanaky e acabou absolvendo Arthur London, autor do livro que originou o filme.
O início do filme é bem confuso, com as muitas referências à segunda guerra, guerra civil espanhola e luta pelo socialismo e anti-nazismo, além de evidentes disputas internas pelo poder. O que aparentava ser um complicado quebra-cabeças político, se torna um libelo contra o autoritarismo em cenas gráficas e fortes de tortura contra o político que é acusado de ter uma conexão com um espião britânico ao qual era próximo durante a Guerra.
O julgamento falso e midiático é apresentado de forma correta e interessant e as questões políticas permanecem atuais, mas o filme segue uma didática muito clara. Assim como o filme acusa o teatro apresentado pelos líderes do Partido Comunista, Costa-Gavras sabe de imediato quem interpreta qual papel neste espetáculo. Falta o humanismo neste filme, ainda que como Rubens Ewald Filho comenta em sua crítica que “A Confissão é uma reflexão sobre o sujeito e o objeto da política: o homem”.
Os atores seguram muito bem, seja Yves Montand que incorpora com precisão o peso de uma tortura física e mental nos muitos meses de prisão, e especialmente Simone Signoret, a prisão em liberdade, vivendo um dia-a-dia pesado e sem perspectivas seja para o seu futuro ou para a relação com Ainda que o filme deixe claro que “Nesta engrenagem, o homem é a maior vítima”, falta no filme o aprofundamento seja de Gerard (Montand) enquanto tenta sobreviver na prisão ou de sua esposa Lise (Signoret) tentando readequar sua vida de esposa de um poderoso político a uma esposa de um acusado”.
Visto em 2 de junho de 2020, em Campos dos Goytacazes